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A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) informou, nesta quinta-feira (29), que quatro casos da variante Delta da Covid-19 foram identificados no Ceará. Os viajantes, oriundos do Rio de Janeiro, foram testados entre os dias 19 e 21 de julho, no Aeroporto de Fortaleza. São três mulheres e um homem, com idades entre 22 e 26 anos.
A pasta informa que os casos – os primeiros confirmados no Estado – e seus respectivos contatos são monitorados. A recomendação é de que todas as pessoas presentes nos voos listados abaixo realizem quarentena de 14 dias. São eles:
Os demais passageiros e tripulantes também devem entrar imediatamente em contato com o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs/CE) pelo número (85) 98724-0455 (das 9h às 17 horas) ou comparecer para realização do exame RT-PCR no Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen).
O local já possui a lista com os nomes de quem estava nas aeronaves.
“A Sesa e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estão realizando busca ativa na lista dos passageiros e tripulantes de três aeronaves vindas do Rio de Janeiro, onde estavam os quatro viajantes que testaram positivo para a variante originária da Índia”, informou a pasta, em nota.
Além da Delta, outras mutações da cepa do coronavírus foram identificadas nas 17 amostras positivas para a Covid-19 já coletadas no Aeroporto de Fortaleza e analisadas pela Fiocruz. Dentre elas, a Gama, encontrada inicialmente no Brasil, em Manaus.
Ao comunicar a confirmação dos quatro casos, o governador Camilo Santana (PT) frisou a necessidade de manter os cuidados para evitar a contaminação da doença:
“Informo que as barreiras sanitárias estão sendo reforçadas nas rodoviárias de Fortaleza e Interior, além da ampliação de 5% para 20% das coletas por amostragem no Centro de Testagem do Aeroporto”, disse, nas redes sociais.
“Reforço a importância de seguirmos mantendo todos os cuidados, como usar sempre a máscara”, completou.
Também nas redes sociais, o prefeito de Fortaleza, Sarto Nogueira (PDT), reforçou que o Município está atento à confirmação da variante Delta no Ceará. “Para prevenir contágios, é muito importante que todos continuem cumprindo protocolos sanitários, obedecendo ao que determinam os decretos municipal e estadual”, frisou.
“O Município participa da equipe de coleta de exames no Aeroporto Internacional Pinto Martins, monitora casos positivos e rastreia contactantes, orientando isolamento e necessidade de assistência médica. Mantemos unidades sentinelas em todas as regionais de saúde com coleta diária de exames, a fim de identificar vírus circulantes”, destacou o prefeito, ressaltando que, desde a flexibilização econômica após a primeira onda, as equipes “já rastrearam e monitoraram mais de 26 mil pessoas”.
Segundo a Sesa, os quatro passageiros, sendo três mulheres e um homem com idades entre 22 e 26 anos, são moradores de Fortaleza (dois), Caucaia e Itapipoca. Eles desembarcaram em três voos diferentes, oriundos do Rio de Janeiro, entre os dias 19 e 21 de julho.
O pesquisador Fábio Miyajima, coordenador da Rede Genômica da Fiocruz Ceará, explica que, apesar de estarem em aeronaves distintas, os quatro diagnosticados com a variante têm em comum a passagem pelo Aeroporto Internacional Galeão, no Rio de Janeiro, na semana passada.
Três deles apresentaram sintomas e um foi assintomático. As pessoas examinadas no Centro de Testagem de Viajantes do Aeroporto são escolhidas de forma aleatória.
Além de manter a quarentena, eles deverão fazer novas coletas para medição de carga viral, potencial de transmissão e estudo de anticorpos.
Fábio Miyajima acrescenta que as autoridades de saúde têm fortalecido a vigilância epidemiológica, no Ceará. Neste momento, o foco é impedir a transmissão comunitária como houve com variante brasileira do coronavírus, denominada P1.
A transmissão comunitária é quando o vírus está mais disseminado e já não é possível rastrear o caso que originou as infecções
“Saímos de um modelo passivo, reativo para um proativo, mais em tempo real. Se tivéssemos essas mesmas condições quando a variante P1 foi introduzida no Ceará, talvez, estivéssemos numa situação melhor”, avaliou.
“Mas não temos como voltar no tempo. Estamos tentando aprender, realizando um monitoramento mais ativo e realizando o rastreio para que se evite a transmissão comunitária e que se espalhe pelos municípios e bairros da Capital”, completou.
Segundo o especialista, as testagens ocorridas no Aeroporto integram um fluxo de prioridade para evitar a importação de variantes. Assim, as amostras são analisadas em tempo mais célere, de uma semana a 10 dias.
Desde o último dia 12, passageiros são submetidos a testes rápidos de detecção da Covid-19 no Aeroporto de Fortaleza.
As análises são feitas de forma conjunta pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) e pelo Lacen.
Como medida preventiva, no momento em que são positivados pelo teste rápido de antígeno, ainda no aeroporto, os passageiros são orientados pela Sesa a cumprir o isolamento.
Até o momento, outros 12 estados já divulgaram casos da nova cepa no País. Na segunda-feira (26), o Ministério da Saúde informou 169 casos da variante Delta no Brasil.
Identificada pela primeira vez em dezembro de 2020, a nova cepa do coronavírus é uma das versões do vírus, que faz mudanças consecutivas para adaptação no corpo humano.
Rapidamente, a variante Delta, definida como a mais transmissível do SARS-CoV-2, se tornou a principal pelo mundo. Segundo cientistas, ela é 50% mais rápida que a primeira variante, a alfa.
Conforme o pesquisador David Straim, da faculdade de Medicina da Universidade de Exeter, no Reino Unido, os sintomas desta cepa são muito semelhantes ao de uma gripe.
Já o chefe do Centro de Medicina Social da Universidade Jawaharlal Nehru, em Nova Delhi, Rajib Dasgupta, conta que também não é possível distingui-la das demais variantes da Covid-19.
“Todas as infecções causadas pela Covid começam como uma doença viral leve”, explicou ele em entrevista concedida ao portal G1.
Apesar dos sintomas semelhantes, faixas etárias distintas podem sentir a variante de formas diferentes. Em crianças, por exemplo, diarreia, coriza, febre e mal-estar são os sintomas mais comuns.
Em adultos e idosos, eles ainda podem surgir por meio dos sintomas comuns da Covid-19, como falta de ar ou tosse.
A pesquisa mais recente sobre a questão foi lançada na última quarta-feira (21), administrada por pesquisadores do Sistema de Saúde do Reino Unido, da Universidade de Oxford e do Imperial College London.
Dados apontam que, já na primeira dose, as vacinas da Pfizer/BioNTech e da AstraZeneca apresentam resistência contra a nova cepa.
Nesse caso, a taxa de eficácia é de 30,7% para ambas, com uma variação de 25,2% a 35,7%.
Com duas doses, entretanto, os números sobem. A AstraZeneca possui, nesse caso, eficácia que pode chegar a 67%, com média entre 61,3% a 71,8%.
Enquanto isso, duas doses da Pfizer/BioNTech podem proteger o indivíduo imunizado contra a variante Delta em 88%, variando entre 85,3% a 90,1%.
Ainda segundo outro estudo, conduzido pela Universidade de Nova York, a vacina da Janssen, produzida pela Johnson & Johnson teria se mostrado menos eficiente contra a variante.
Em laboratório, cientistas identificaram uma eficácia que pode ser menor que 50% do imunizante contra a cepa em questão. A fabricante, no entanto, informou que a resposta imunológica ainda existe.