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‘Tinha muita criança no carro alegórico’, diz delegada sobre acidente que matou menina

A delegada Maria Aparecida Mallet, responsável pelas investigações sobre a morte de Raquel Antunes da Silva, 11, diz que as imagens captadas por câmeras de segurança mostram que havia muitas crianças no carro alegórico da escola Em Cima da Hora. O veículo prensou as pernas da menina na dispersão no sambódromo do Rio, na noite da última quarta-feira (20).

“Nós precisamos examinar as imagens com mais cautela para afirmar com segurança (quantas crianças havia). À primeira vista, tinha muita criança no carro alegórico”, diz a delegada, titular da 6ª delegacia de polícia, no centro do Rio.

Segundo ela, as imagens das câmeras de segurança contradizem a versão do motorista, que afirmou à polícia não ter visto crianças no local. O homem disse também não ter sido alertado sobre a presença da criança no veículo.

No entanto, afirma a delegada, ainda é cedo para apontar culpados ou a causa do acidente. “A gente trata como homicídio culposo, ou seja, é por negligência, imprudência ou imperícia. Vai ser uma dessas ou até mesmo as três.”

Nesta segunda-feira (25), Mallet irá colher a partir das 14h os depoimentos do presidente administrativo da escola de samba Em Cima da Hora e de um funcionário da Carvalhão, empresa de guincho que atuava no sambódromo no dia do acidente.

A empresa também terá que encaminhar à delegacia uma lista com todos os funcionários que trabalhavam naquele dia.

Desde o início das investigações, a delegada já ouviu cinco pessoas: o condutor do veículo, um socorrista e outras três testemunhas.

“Nós vamos contrastar as imagens que nós obtivemos no momento do acidente com os depoimentos de hoje. Isso será de suma importância para analisar o que aconteceu naquele momento.” A expectativa é ouvir também parentes da criança, mas não há data para isso acontecer.

“Estamos respeitando o momento de luta da família, mas aguardamos que compareçam quanto antes para prestar o testemunho em sede policial.”

Raquel foi enterrada no sábado (23) no cemitério do Catumbi, na região central do Rio. Durante o velório, a mãe da menina pediu por justiça. “Eu quero minha menina, isso não pode ficar assim”, gritou, aos prantos, a manicure Marcela Portelinha Antunes.

Segundo o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o desfile das escolas de samba na quarta violou normas que haviam sido determinadas pela Justiça com antecedência.

A Promotoria disse ter enviado recomendações aos organizadores do evento. “No documento há menção específica quanto à necessidade de provimento de segurança no momento da dispersão dos carros alegóricos”, afirmou a instituição, em nota.

“A violação às claras determinações feitas com antecedência ensejará as providências devidas em demanda própria a ser ajuizada pela 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Infância e da Juventude da Capital.”

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