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O presidente Lula (PT) será submetido nesta sexta-feira (29) a uma cirurgia para a colocação de uma prótese no quadril para tratar sintomas da artrose avançada. O procedimento ocorrerá na unidade de Brasília do Hospital Sírio-Libanês.
Considerada de alto risco, a cirurgia era recomendada a Lula por sua equipe médica, mas o presidente vinha adiando o procedimento desde a campanha eleitoral do ano passado.
A previsão é a de que o petista permaneça no hospital até a próxima terça-feira (3). Depois da cirurgia, Lula deve ficar ao menos três semanas trabalhando de casa, o Palácio da Alvorada.
A artrose é uma doença associada à perda de cartilagem, uma superfície que recobre as articulações para evitar o atrito entre os ossos.
“A articulação é um sistema quase perfeito de redução de atrito. Duas superfícies de gelo quando friccionadas têm mais atrito do que duas superfícies de cartilagem sadias”, explica Giancarlo Polesello, cirurgião do quadril do Hospital Sírio-Libanês.
As principais articulações afetadas pela artrose são as do quadril, caso de Lula, e joelho, segundo Polesello. No quadril, a artrose ocorre com o desgaste em cartilagens que revestem a cabeça do fêmur (um osso da coxa) e o acetábulo (parte da bacia ligada ao fêmur).
O estágio avançado da doença pode gerar sintomas como dor intensa na virilha, redução e comprometimento do movimento.
A enfermidade tem diferentes estágios, que podem ir do assintomático ao avançado. “Muitas artroses são completamente assintomáticas. Em estágios mais avançados, começa a haver dor por causa do atrito entre as superfícies ósseas”, afirma o médico.
Idade, alterações genéticas, doenças reumáticas e sequelas de fratura são alguns dos fatores que podem influenciar o desgaste das cartilagens.
Vinícius Ferreira Bueno, ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto Cohen, explica que a perda de cartilagem nas articulações é natural ao processo de envelhecimento.
“Já a artrose acontece quando a gente tem essa perda de cartilagem associada ao quadro clínico de dor e diminuição de movimento”, afirma.
São opções de tratamento o uso de analgésicos, anti-inflamatórios e fisioterapia. A infiltração -quando o médico injeta substâncias na articulação para hidratar e tratar a inflamação- é mais um recurso disponível, além da cirurgia.
Lula já suspendeu eventos de trabalho e fez infiltrações para mitigar o desconforto causado pela artrose.
Em julho, afirmou que sente dores diariamente. “Eu quero fazer a cirurgia porque eu não quero ficar com dor. Ninguém consegue trabalhar com dor o dia inteiro. Então, eu sinto que às vezes estou com mau humor com meus companheiros, eu chego de manhã para trabalhar, quando eu coloco o pé no chão dói.”
Segundo Bueno, do Albert Einstein, a infiltração serve para aliviar temporariamente a dor e melhorar a mobilidade. Estágios mais avançados da artrose podem requerer a cirurgia. Além de infiltrações, o presidente já realizou sessões de fisioterapia para mitigar a dor.
Colocar a prótese no quadril é a opção quando tratamentos anteriores não surtiram o efeito esperado.
De acordo com o ortopedista, a cirurgia tem baixo risco. O paciente fica internado de 2 a 5 dias, e o tempo de recuperação varia de uma quinzena a dois meses. Nesse período, objetos como andador ou bengala auxiliam na locomoção.
Segundo Lula, seu secretário de Produção e Divulgação de Conteúdo Audiovisual, Ricardo Stuckert, o orientou a não ser visto publicamente de andador ou muleta. Lula também disse esperar uma pronta recuperação, ter medo de receber anestesia, mas saber que a cirurgia é simples.
Também está previsto na fase de recuperação do mandatário que ele fique sem viajar de quatro a seis semanas. Seu próximo compromisso no exterior ocorre no fim de novembro, na COP 28, nos Emirados Árabes Unidos.
“Com a fisioterapia, o paciente vai voltando rapidamente a fazer as atividades usuais. A intenção da cirurgia é que ele volte à vida anterior que tinha antes da artrose”, explica Vinícius Ferreira Bueno.
De acordo com os especialistas, evitar o sobrepeso e fazer atividade física ajudam a prevenir os quadros graves da artrose. Estima-se que, a cada 100 mil habitantes, 40 tenham artrose sintomática no quadril.