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O programador Walter Delgatti Neto, conhecido como hacker da Vaza Jato, disse nesta quinta-feira (17) à CPI do 8 de janeiro que a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) planejou forjar a invasão de uma urna eletrônica durante as celebrações do 7 de Setembro de 2022, menos de 1 mês antes da eleição.
Ele afirmou que usaria um “código-fonte fake”, feito por ele mesmo, para mostrar que uma urna poderia registrar um voto diferente daquele que o eleitor queria.
Delgatti disse que levou o plano a Bolsonaro durante uma reunião no Palácio do Planalto, em 10 de agosto do ano passado. O ex-presidente então teria pedido para o hacker que conversasse com técnicos do Ministério da Defesa sobre o sistema eleitoral.
“Ele [Bolsonaro] também pediu que eu fizesse o que eu havia dito sobre o 7 de Setembro”, disse o programador à CPI.
Delgatti foi convocado à CPI para explicar se participou de uma tentativas, a pedido da deputada Carla Zambelli (PL-SP), de deslegitimar o sistema eleitoral brasileiro. Ele afirmou que o plano não saiu do papel após a mídia noticiar sobre os encontros com a equipe de campanha de Bolsonaro.
No dia anterior ao depoimento à comissão, o programador foi ouvido pela Polícia Federal. A defesa de Delgatti afirma que ele apresentou provas de que recebeu pagamentos de Zambelli.
Delgatti foi preso novamente no começo de agosto sob suspeita de tramar, a pedido da deputada, contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O hacker confessou, em junho, que invadiu os sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e inseriu um mandado de prisão falso contra Moraes assinado pelo próprio ministro. Ele também disse que recebeu um pedido de Zambelli, no ano passado, para invadir uma urna eletrônica.
O plano era demonstrar a fragilidade do sistema eleitoral brasileiro, tese levantada, sem provas, pelo ex-presidente e seus apoiadores.
Delgatti ganhou projeção por ter invadido contas de Telegram de procuradores da Lava Jato em 2019. Ele ainda teve encontros em agosto de 2022 com integrantes da campanha de Bolsonaro e com o próprio ex-mandatário. O hacker disse aos investigadores que o então presidente perguntou se ele conseguiria invadir o sistema das urnas eletrônicas.
Após o depoimento nesta quarta, o advogado de Zambelli, Daniel Bialski, divulgou nota afirmando que ainda não teve acesso à íntegra dos autos.
“A defesa da deputada Carla Zambelli reitera que somente se manifestará após integral conhecimento do conteúdo dos autos -o que ainda não aconteceu, inclusive de referido depoimento-, porém reforça e rechaça qualquer acusação de prática de conduta ilícita e imoral pela parlamentar, inclusive, negando qualquer tipo de pagamento ao mencionado hacker”, disse Bialski.