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Koo se beneficia de crise do Twitter e causa frisson no Brasil

Em mais um dia de tensão com os rumos do Twitter na gestão da Elon Musk, a rede social indiana Koo passou a tarde de sexta-feira (18) tuitando em português e pedindo calma aos brasileiros. “Koo está lento agora por causa do alto tráfego do Brasil. Quer sua paciência”, escreveu em seu perfil na rede rival.

As demissões na companhia americana, o fechamento de escritórios e a onda de rumores de que o Twitter estaria perto do fim levaram brasileiros a buscar novas alternativas de comunicação rápida. Uma delas foi o Koo, aplicativo indiano lançado em 2020 e com 50 milhões de downloads.

Popular no Brasil há um dia, com adesão de figuras como Paulo Vieira, Claudia Leitte e Casimiro, a rede já deu selo de verificação a Felipe Neto -o influenciador reúne 90 mil seguidores em seu recém-criado perfil.

Em uma série de tuítes, o Koo prometeu tradução do produto para o português e ordem cronológica de publicações, além de agradecer aos brasileiros e entrar na onda de piadas inevitáveis: “o nome é o som do passarinho amarelo, não o que você pensa”.

Assim como o Twitter, seu símbolo é um passarinho, mas amarelo.

A empolgação do Koo com o Brasil tem razão de ser diante do tamanho da população conectada. Além disso, a empresa recebeu notoriedade na Índia em um momento parecido, quando o Twitter enfrentou uma crise com o governo local.

Em entrevista à Bloomberg em agosto do ano passado, o cofundador Aprameya Radhakrishna, que criou a empresa com Mayank Bidawatka, reconheceu que sua startup ganhou os holofotes na tensão entre a big tech americana e o governo do primeiro-ministro Narendra Modi. “Mas as pessoas logo perceberam que podem se expressar na língua materna apenas no Koo”, ressaltou.

Durante meses, o Twitter teve embates com o governo local. Resistiu a retirar publicações críticas à gestão de Modi na pandemia, manteve no ar protestos de agricultores que se insurgiram contra o governo e rotulou como enganosas publicações de políticos locais.

Mais tarde, um tribunal do país julgou que a empresa americana não estava em conformidade com as novas regras de proteção de dados local.

Nesse período, várias autoridades passaram a usar o aplicativo, incluindo Modi, que já exaltou a plataforma em um de seus discursos oficiais divulgados no rádio. Celebridades de direita de Bollywood também entraram para a rede, o que aumentou sua visibilidade e atraiu investimentos.

Radhakrishna usa das adversidades das big techs, constantemente pressionadas por mais moderação e contenção de mentiras e discurso de ódio, para dar palco à sua companhia. Em uma entrevista ao The Times of India, reitera diversas vezes que o Koo é a alternativa nacional frente ao domínio americano, pois contempla as línguas regionais do país, como hindi e kannada.

“O Koo é feito na Índia, para a Índia e é a melhor solução para qualquer país que não tenha o inglês como língua dominante”, afirmou.

Segundo Radhakrishna, 90% da população se sente perdida em comunidades dominadas pelo inglês. Ele nega, no entanto, que o Koo seja uma rede da direita política.

“O Koo nasceu para permitir que todos os indianos se expressem na língua local. Acreditamos na democratização das vozes e na transparência das ações”, disse ao Times of India.

Com 50 milhões de downloads contabilizados até a entrada do Brasil na jogada, um dos principais diferenciais da plataforma é mesmo a possibilidade de escrever em diferentes línguas indianas.

O Koo começou a ser desenvolvido em dezembro de 2019 e foi lançado em março de 2020. Em maio de 2021, levantou US$ 30 milhões em uma rodada de investimentos liderada pela empresa americana Tiger Global.

A rede promete inserir outras 25 línguas em seu aplicativo, que permite 400 caracteres e publicações multimídia, incluindo áudio.

Em entrevista recente à mídia indiana, os fundadores afirmaram que querem levar o Koo para Estados Unidos, Indonésia, Bangladesh, Malásia, Filipinas, Oriente Médio, África e todos os mercados cuja língua materna não é o inglês –ou que não estejam felizes com o Twitter.

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