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Fim de uma era: Locadora Distrivídeo vai fechar última unidade em Fortaleza após 34 anos

Depois de 34 anos, um negócio que, no passado recente, era febre em Fortaleza está chegando ao fim. A Distrivídeo, tradicional rede de locadoras, está nos preparativos finais para fechar as portas da última unidade na Capital.

Localizada na Avenida Antônio Sales, próximo ao cruzamento com a Avenida Virgílio Távora, a locadora – que já ocupou um quarteirão inteiro e hoje não é mais que uma pequena sala – deverá dar lugar à expansão de um café e um petshop. Os dois comércios, instalados no mesmo prédio, também são propriedades de Marcelo Arrais, integrante da família que fundou a Distrivídeo em 1987.

A Distrivídeo hoje conta com apenas uma pequena parcela do estoque de filmes em DVD e Blu-Ray. A loja já vinha fazendo uma promoção para revender todos os filmes. Nas últimas semanas do ano passado, como contou um dos funcionários do local, várias filas foram formadas na porta por interessados em garantir títulos, entre novos e tradicionais, por um bom preço.

O encerramento das atividades, contudo, não possui data marcada. Os funcionários da loja dizem apenas que será “em breve”.

É o fim de um mercado histórico na Capital, que seguirá vivendo no imaginário nostálgico dos fortalezenses após ter marcado época. Há quase 30 anos, em 1992, a cidade contava com 190 locadoras.

Legenda: Interior da loja da Distrivídeo na avenida Antônio Sales
Foto: Helene Santos

Promoções para queimar estoque

Para garantir que todo o estoque seja vendido antes do fechamento, a loja ainda está oferecendo novas condições, ainda mais facilitadas. Qualquer DVD é vendido por R$ 5, enquanto os Blu-Rays estão sendo negociados pela metade do preço, em faixas que ficam entre R$ 2,45 até R$ 17,45.

A lista conta com títulos dos mais variados, como “A Colônia”, “Chappie”, “Spotlight”, “Gigantes de aço” e outros.

Histórico da locadora

A unidade da Distrivídeo na Avenida Antônio Sales foi a primeira filial da empresa ainda no fim da década de 1980.

A Distrivídeo foi criada em 1987, mantendo a loja “número um” no cruzamento entre as avenidas Santos Dumont e Dom Manuel.

Em 1992, a rede de locadoras já contava com 3 lojas espalhadas pela capital cearense, além de uma revenda de fitas. O acervo na época era de cerca de mil unidades VHS, e o preço de locação variava, considerando a data de lançamento dos filmes, entre Cr$ 1.5000 (Cruzeiros) e Cr$ 4.000.

Foto: Arquivo

Na correção monetária pela inflação, utilizando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), esse aluguel valeria, em 2020, entre R$ 2,19 e R$ 5,83.

Na inauguração da terceira loja, a Distrivídeo ainda anunciou que os 50 primeiros cadastrados concorreriam a uma fita do filme “O Exterminador do futuro 2”, que havia sido lançado em 30 de agosto de 1991.

Último reduto de um cinéfilo das antigas

O contador e colecionador de filmes Francisco Irapuan Pereira, de 59 anos, lamentou muito o fechamento da última loja da Distrivídeo. Um dos passatempos prediletos dele era ir até uma das unidades da Distrivídeo e passear pela história do cinema exposta nas prateleiras, buscando tantos os títulos mais tradicionais quanto os últimos lançamentos de Hollywood.

Irapuan lamentou que a cultura das locadoras esteja chegando ao fim para dar lugar às plataformas de streaming.

Locadora vs. streamings

“Eu tenho muito mais filmes que todos esses streamings”, brincou Irapuan.

Legenda: O contador Francisco Irapuan procura filmes para comprar na Distrivídeo
Foto: Helene Santos

Outro ponto negativo citado pelo cinéfilo é que para as plataformas não concentram todos os filmes que ele deseja ver e para garantir todos os títulos, é preciso assinar mais de um serviço.

“Alguns filmes não estão no catálogo desses serviços, e a gente encontrava nas locadoras, mesmo os mais raros, que tenho mais que essas plataformas. E é complicado, para você ter todos, o custo vai lá para cima, porque você tem de assinar muitos serviços”, queixou-se.

Aparelhos de DVD

Outro problema apontado pela migração das locadoras para os serviços de streaming, considerando o mercado cearense, é que, segundo Irapuan, ficou muito mais complicado para achar locais onde fazer manutenção dos aparelhos de DVD e Blu-Ray.

“Eu tenho dois aparelhos. Um fica em casa e o outro está ali no meu carro, quebrado, mas não consigo achar canto nenhuma na cidade para fazer os reparos que preciso. Ficou muito complicado”, disse o contador.

Informações/site: Messias Bezerra

Fonte: Diário do Nordeste

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